O Balanço de Pagamentos (BP) é um relatório divulgado pelo Banco Central do Brasil (BCB) que registra todas as transações econômicas entre o Brasil e o resto do mundo em um determinado período. Ele é fundamental para entender a posição externa da economia brasileira e seu nível de dependência em relação a fluxos internacionais de bens, serviços e capitais.
Sua divulgação passa despercebida pela maioria das mídias tradicionais e sociais. No entanto, cada brasileiro deveria se interessar pelos resultados e cobrar transparência. A leitura do balanço é acessível e pode ajudar no melhor entendimento de temas como:
- O porquê do Brasil está atraindo ou perdendo recursos externos.
- O que está relacionado diretamente ao câmbio, influenciando o valor do real.
- E ainda ajuda entender uma pouco mais sobre as motivações de investidores e governos sobre a nossa política monetária e fiscal, além da inflação.
Pelo resumo de 2024 divulgado pelo Banco Central, o déficit das transações correntes aumenta e as reservas internacionais caem:
Em 2024, o déficit em transações correntes do Brasil atingiu US$56,0 bilhões (2,55% do PIB), mais que o dobro do registrado em 2023 (US$24,5 bilhões, ou 1,12% do PIB).

O principal fator para esse aumento foi a queda de US$26,1 bilhões no superávit da balança comercial, além do crescimento de US$9,8 bilhões no déficit de serviços. Parte desse impacto foi suavizado pela redução no déficit de renda primária (US$4,1 bilhões) e pelo aumento no superávit de renda secundária (US$367 milhões).

A balança comercial fechou 2024 com um superávit de US$66,2 bilhões, uma queda de 28,2% em relação ao ano anterior. O desempenho foi influenciado por uma leve retração nas exportações (-1,2%), que somaram US$339,8 bilhões, e um aumento expressivo das importações (+8,8%), que totalizaram US$273,6 bilhões.
Apesar da menor variação negativa, chama atenção o alto volume de lucros anuais distribuídos para empresas no exterior. Da mesma forma, o montante pago em juros sobre a dívida se destaca, especialmente com o recente aumento da taxa Selic para 13,25% e a previsão de novas elevações. Esse cenário deve intensificar a pressão sobre os resultados de 2025.
Outro dado relevante foi a queda nas reservas internacionais, que fecharam dezembro de 2024 em US$329,7 bilhões, uma redução de US$33,3 bilhões em relação ao mês anterior. Entre os principais fatores que levaram a essa queda estão a liquidação de vendas à vista (US$19,8 bilhões) e a concessão de linhas com recompra (US$11,0 bilhões).
Os números refletem um cenário desafiador para a economia brasileira, exigindo atenção de todos sobre as políticas cambiais e comerciais em 2025.
Fonte: https://www.bcb.gov.br/estatisticas/estatisticassetorexterno
Autor: Maurício de Souza. Consultor, conselheiro, instrutor, mestre em contabilidade.